Moreno, Óscar (1878-1971)
Óscar Moreno, conceituado urologista, filho de José Lourenço Russo e Lucinda de Sousa Martins Ribeiro, nasceu no Porto, freguesia de Vitória, a 16 de Novembro de 1878. Casou com Deolinda Leopoldina dos Santos a 6 de Julho de 1912, nascendo a sua única filha Margarida Dos Santos Moreno a 11 de Abril de 1917. Dedicou-se à área de urologia em Portugal e no estrangeiro, antes de falecer a 16 de Abril de 1971, onde havia nascido.
Fez os estudos na escola Médico-Cirurgica do Porto. De 1908 a 1911, ainda estudante foi para Paris, trabalhou nas Clínicas de Venereologia dos Hospitais de S. Luís Saint Lazare bem como monitor do Serviço de Vias Urinárias na Clínica Urológica do Hospital de Necker associado à Faculdade de Medicina de Paris. Aqui, com Dr. Léon Ambard, dedicou-se à exploração funcional dos rins, que culminou na descoberta da constante Ureio-Secretória de Ambard-Moreno, que avalia a eliminação ureica.
Publicou também vários artigos: Des injections de pâte bismuthée en chirurgie urinaire (Ann. Maladies des organes génito-urinaires, 1910) e Volume des urines et contraction maxime (Presse Médicale, 1911), com colaboração de Heitz-Boyer. Em parceria com Ambard publicou Mesure de l’activité rénale par l’étude comparée de l’urée dans le sang et de l’urée dans l’urine (Semaine Médicale, 1911) e com Chevassu escreveu Comparaison du fonctionnement rénal avant et après la néphrectomie par tuberculose (Rev.de Gynec. et Chirurgie Abdominale 1911).
De regresso ao Porto terminou o curso com a dissertação inaugural Sobre Exploração Funcional dos Rins, a 12 de Outubro de 1911 com classificação de 20 valores.
Moreno entrou como adjunto em urologia, para o corpo Clínico do Hospital Geral de Santo António, onde esteve sob orientação do Professor Roberto Frias, ficando em 1916 a dirigir a Consulta Externa de Vias Urinárias. Depois de tutoriar vários médicos estagiários no seu serviço, a 25 de Março de 1917 foi proposto pelo Conselho da Faculdade de Medicina do Porto para substituir Azevedo de Albuquerque na regência da cadeira de Clínica Urológica, cuja aprovação foi concedida em despacho ministerial em 7 de Junho desse ano. Em 1919, Moreno fundou a consulta de Urologia e Venereologia, no Hospital Geral de Santo António, cujo pleno funcionamento se iniciou em 1923-24, prolongando-se até hoje.
Até à sua Jubilação a 5 de Novembro de 1948, Óscar Moreno permaneceu na regência da Cadeira de Clínica Urológica, bem como na direcção dos Serviços de Urologia do Hospital Geral de Santo António. Durante este período orientou várias teses de fim de curso, foi membro da Associação Portuguesa de Urologia e da Association Internationale d’Urologie, tendo publicado ainda Hérnia inguinal da bexiga com calculose (colaborando com Sousa Oliveira, em Medicina Moderna, 1912) Sobre um caso de hidronefrose (colaboração com Álvaro Rosas, Congresso Luso-Espanhol, 1923); Cálculo gigante do uretere (colaboração com Jacinto de Andrade, Amato Lusinato, 1945).
Do percurso científico de Moreno destaca-se a “constante de Ambard- Moreno” que, embora hoje obsoleta devido à utilização de coeficientes numéricos arbitrários, impulsionou variadas investigações nomeadamente por McLean, que afinou o valor da constante para indivíduos saudáveis.
Ana Rita Amaro, Inês Pereira, Miguel Mata, Mónica Mamede