Costa Andrade, Mário Corino da (1906-2005)

Mário Corino da Costa Andrade foi um distinto neurologista e investigador português.

 

Nasceu em Moura (Alentejo), a 10 de Junho de 1906, tendo frequentado o ensino primário no Colégio Particular Maria do Céu, em Beja.

 

Em 1923 entrou na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, então no campo Santana, curso que terminou com 23 anos. Iniciou a sua especialização em Neurologia.

 

Seguindo o conselho do professor catedrático António Flores (1883-1957), decidiu ir estudar para Estrasburgo, em 1931, na Clínica Neurológica dos Hospitais Civis de Estrasburgo, sob a alçada de Jean Barré (1880-1967). Foi nomeado chefe do Laboratório de Naturopatologia, onde fez investigação sobre as meninges e, em 1933,foi-lhe atribuído o prémio Dejerine, até então nunca ganho por um estrangeiro.

 

Em 1936 foi para Berlim trabalhar com Oskar Vogt (1870-1959), mas em 1938 regressou a Portugal, devido ao estado de saúde do pai, que acabaria por morrer nesse ano. Foi então aconselhado pelo Prof. Egas Moniz (1874-1955) a ir para o Hospital Conde de Ferreira, no Porto. Porém em 1939, mudou-se para o Hospital Geral de Santo António.

 

Em 1942 casou com Juliette Suzanne Möes, pediatra luxemburguesa, que conhecera em Estrasburgo. Esta morreu três anos depois, no parto do primeiro filho.

 

No Hospital Geral de Santo António começou a investigar a “doença dos pezinhos”, por ter observado uma mulher com “uma forma peculiar de neuropatia periférica”. Esta doença tomaria, a partir de 1952, com a publicação do artigo “A Peculiar Form of Pheripheral Neuropathy” na revista Brain, o nome de “Polineuropatia Amiloidótica Familiar” ou “Paramiloidose de Corino Andrade”, em sua homenagem. Este tornar-se-ia o paper português mais citado de sempre, até à actualidade.

 

Em 1948 voltou a casar, desta vez com Gwendoline Constance Geething, de quem teve dois filhos. A nível politico, Corino de Andrade era contra o regime de Salazar e pertencia ao Movimento da União Democrática, pelo que viria a ser preso pela PIDE em 1951. Foi libertado alguns meses depois e foi, dez anos depois, eleito Presidente da Sociedade Luso-Espanhola de Neurocirurgia.

 

Seis anos depois criou a primeira Unidade de Traumatologia Crânio-Encefálica (TCE) em Portugal. Em 1974 fundou, juntamente com Nuno Grande (1932), o Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, com o intuito de aliar a pesquisa a um estudo multidisciplinar, já que, nas palavras do próprio, “ os alunos não podiam entrar e sair por um tubo”.

 

Em 1976 foi com Paula Coutinho aos Açores para estudar um caso da doença de Machado-Joseph. Em 1979 foi condecorado com o grau de “Grande Oficial da Ordem de Santiago da Espada”, pelo Presidente Ramalho Eanes (1935).Em 1988, a Universidade de Aveiro homenageou o seu trabalho científico, concedendo-lhe o título de “Doutor Honoris Causa” e dois anos depois o Presidente Mário Soares (1924), atribuiu-lhe a “Grã Cruz da Ordem de Mérito”. Em 1995 foi-lhe atribuída a Medalha de Mérito da Ordem dos Médicos. Em 1999, o Presidente da Câmara de Beja, Carreira Marques (1943), concedeu-lhe a Medalha de Mérito Municipal de Beja - Grau de Ouro, além de atribuir o seu nome a uma rua. Em 2000 recebeu o prémio “Excelência de Uma Vida e Obra”, promovido pela Fundação GlaxoWelcome das Ciências de Saúde. Morreu a 16 de Junho de 2005, aos 99 anos de idade.

 

Cláudia Silva, Eugénia Silva, Leandro Silva, Mariana Soares

publicado por medicosportugueses às 17:07 |