Celestino da Costa, Jaime (1915-2010)
Celestino da Costa, Jaime (1915-2010) nasceu a 16 de Setembro de 1915, em Lisboa. Filho do conceituado médico Augusto Celestino da Costa, marcou a Medicina Portuguesa do século XX, pertencendo a várias sociedades científicas nacionais e internacionais, de entre as quais foi sócio fundador e presidente da Sociedade Portuguesa de Cirurgia e da Sociedade Portuguesa da Cirurgia Cardiotorácica e Vascular, sócio fundador da Sociedade Europeia de Cirurgia Cardiovascular e Membro Honorário da Society of Thoracic and Cardiovascular Surgery (Grã-Bretanha e Irlanda)
Estagiou em Paris na Fundação Curie em 1940, onde realizou parte importante da sua tese de doutoramento. Em 1941, iniciou a sua carreira académica, como Assistente de Medicina Operatória e Anatomia Cirúrgica, tendo passado em 1944 para Assistente do Professor Reynaldo dos Santos em Patologia e Terapêuticas Cirúrgicas.
Em 1945, com apenas 30 anos, doutorou-se pela Faculdade de Medicina de Lisboa com a tese “A Parede Arterial”. Iniciou a sua actividade cirúrgica nos Hospitais Civis de Lisboa e chegou a Cirurgião em 1948. Professor Extraordinário de Cirurgia (primeiro de Medicina Operatória, depois de Propedêutica Cirúrgica), iniciou a cirurgia do Pericárdio em 1951 (no Dona Estefânia e depois no Desterro) e, em 1953, a cirurgia do Aperto Mitral e do Canal Arterial, altura pela qual foi nomeado Subdirector do Banco e Serviço de Urgência do Hospital de S. José.
Em 1958, foi transferido para o Hospital de Santa Maria exercendo o cargo de Director de Propedêutica Cirúrgica e em 1959 criou o Centro de Cirurgia Cardíaca, ligado ao seu serviço, onde se iniciaram, em Portugal, algumas técnicas cirúrgicas, como a hipotermia profunda.
De 1960 a 1962 foi Chefe de Internos, ascendeu a Professor Catedrático de Propedêutica Cirúrgica (1962) e, em 1969, em colaboração com o Professor Salomão Amram, transformou o Serviço de Cardiologia Médica no Serviço de Cardiologia Médico-Cirúrgica. Em 1977, assumiu a regência de Patologia Cirúrgica.
Lutou persistentemente por uma Medicina moderna, apoiada na investigação e na inovação técnica, mas sempre de rosto humano e, em 1979, criou o Serviço de Cirurgia Cardiotorácica. Após 44 anos de docência na FML, jubilou-se em 16 de Setembro de 1985, continuando a sua contribuição para a Medicina Portuguesa através da publicação de artigos, entrevistas e livros de cariz médico e histórico, entre os quais “Um Certo Conceito da Medicina” publicado em 2001.
Herdou do lado materno a sua veia artística e paixão pela cultura. Foi um humanista que inspirou várias publicações, tendo ainda coleccionado arte. Praticou equitação até aos 80 anos. Era um pianista exímio e profundo conhecedor e amador de Música, talvez devido à sua relação familiar com o compositor Jorge Croner de Vasconcelos.
Em Julho de 2005 foi homenageado pela FML e, em Novembro desse mesmo ano, das mãos do Presidente da República, Dr. Jorge Sampaio, recebeu a Medalha de Honra da Faculdade. Faleceu no dia 2 de Fevereiro de 2010, em Lisboa.
Cláudia Silva, Gonçalo Costa, João Costa, Margarida Massas