Oliveira, Idálio de (1912-1997)

Idálio de Oliveira nasceu a 14 de Fevereiro de 1912, em Aveiro e faleceu a 8 de Outubro de 1997, em Lisboa.

 

Formado em Medicina, especializado em Radiologia e Radioterapia pela Universidade de Lisboa, foi pioneiro na instalação de tecnologias de diagnóstico e tratamento de cancro na Península Ibérica.

 

Frequentou os cinco anos de estudos secundários do Liceu de Aveiro e terminou o sétimo ano em Coimbra. Aos vinte e dois anos completou a formação em Lisboa e iniciou o internato médico nos Hospitais Civis, onde adquiriu a sua especialidade.

 

Em 1946 abriu o seu consultório, a clínica Dr. Idálio de Oliveira, ainda hoje em funcionamento (IRIO - Instituto de Radiologia Dr. Idálio de Oliveira). Ali montou a primeira Bomba de Cobalto, o primeiro Acelerador Linear, o primeiro aparelho de TAC e o primeiro aparelho de Ressonância Magnética da Península Ibérica. Foi igualmente pioneiro na técnica de Angiografia digital em Portugal.

 

Paralelamente, continuou o seu trabalho nos Hospitais Civis, tendo sido nomeado director de Radiologia do Hospital dos Capuchos em 1956, cargo que exerceu durante dezanove anos.

 

Dedicou sessenta anos à Medicina, quarenta dos quais aos Hospitais Civis e ao seu consultório, estabelecendo transferências de doentes entre os dois locais, para aplicação de exames com equipamentos por si adquiridos, suportando o custo dos mesmos. Afirmava, aliás, que o seu empreendimento não visava nenhum lucro material «(…) muito pelo contrário – só me poderá dar consolação se, através dele, conseguir minorar de maneira eficiente a dor e sofrimento dos meus semelhantes. Disso tenho fundadas esperanças!»[1] .

 

Ainda no âmbito oficial, exerceu durante vários anos prática clínica no campo da Radioterapia no IPO de Lisboa, a convite do Prof. Francisco Gentil (1878-1964).

 

Médico atento, procurou sempre estabelecer um contacto pessoal próximo com todos os seus doentes. Destacava-se ainda pela inigualável perspicácia no diagnóstico, apoiando-se quase exclusivamente no exame radiológico.

 

O seu profissionalismo reflectia-se, de igual modo, num grande empenho no estudo, ao qual dedicava várias horas diárias, o que lhe permitia uma constante actualização, relativa aos avanços da Medicina. O seu vasto conhecimento e experiência levavam a que, frequentemente, fosse convidado para ministrar palestras, a nível nacional e internacional.

 

Apesar de possuir, na opinião de amigos e conhecidos, qualidades enquanto pessoa que não eram suplantadas pelas profissionais, a entrega total à sua vida profissional, levou a que nunca tivesse casado ou constituído família.

 

Pela sua competência, generosidade e dedicação, teve o reconhecimento de doentes, colegas e órgãos governamentais. Foi condecorado pelo General Ramalho Eanes com a Ordem Militar de Sant’Iago de Espada, em 1983. Dez anos depois recebeu, na sessão inaugural do VIII congresso Nacional de Medicina, uma medalha de mérito da Ordem dos Médicos.



[1] Palavras proferidas pelo Dr. Idálio de Oliveira na cerimónia de inauguração do Primeiro Acelerador Linear Montado em Portugal, em 16 -12-1972.

 

Beatriz Pinto, Filipe Pires, Inês Oliveira, Rui Pereira

publicado por medicosportugueses às 08:37 |