Fonseca, Fernando da Conceição (1895-1974)
Nascido em Lisboa, a 26 de Abril de 1895, Fernando da Conceição Fonseca destacou-se como um dos mais ilustres médicos portugueses da sua geração. O segundo de quatro filhos do casal de professores Tiago dos Santos Fonseca e Tomázia Adelaide de Macedo Fonseca, permaneceu na capital durante grande parte da sua vida.
Após a passagem pelos Liceus da Lapa e Pedro Nunes, seguiu-se o curso, em 1912, na Faculdade de Medicina de Lisboa, no Campo de Santana. No decorrer da sua formação, teve reconhecidos médicos como professores, entre os quais Egas Moniz (1874-1955), Ricardo Jorge (1858-1939) e Curry Cabral (1844-1920).
Em 1917, ainda bacharel, Fernando Fonseca alistou-se no Corpo Expedicionário Português e prestou serviço na Flandres até ao fim da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), regressando à pátria laureado. Fernando Fonseca entrou como assistente na primeira clínica do Hospital de Santa Marta, sob a orientação do Professor Pulido Valente (1884-1963), mestre e amigo pessoal. A tese inaugural intitulada ‘Contribuição para o estudo do Colesterol’, adiada pela incorporação militar, é feita em 1920, com classificação de 19 valores. Três anos depois, partiu para um estágio em Berlim, onde aperfeiçoou as suas técnicas laboratoriais e tomou contacto com a medicina moderna que emergia da Europa.
Em 1924, regressou a Portugal, retomando a sua actividade assistencial no Hospital de Santa Marta. Em 1929, foi aprovado no concurso de provas públicas para médico dos Hospitais Civis de Lisboa e colocado no serviço de tuberculose do Hospital Curry Cabral. No mesmo ano, casou com Maria da Graça Silva, sua colega de curso. Um ano mais tarde, publicou o livro Diabetes Mellitus. Já em 1932 e 1933, contribuiu para a investigação do bacilo de Koch, no Instituto Bacteriológico Câmara Pestana, tendo sido galardoado com o prémio do mesmo nome.
Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), conduziu importantes estudos de investigação relativos a doenças infecto-contagiosas (malária, meningite meningocócica e rickettsioses). Por esta altura, conheceu Calouste Gulbenkian (1869-1955), com quem criou uma profunda relação de amizade. Em 1943, foi aprovado no concurso para Professor Catedrático de Propedêutica Médica da Faculdade de Medicina de Lisboa.
Já em 1947, numa reunião do Movimento da Unidade Democrática, proferiu um discurso contundente no qual destacou o atraso do Sistema de Saúde de Portugal. Este acto valeu-lhe uma represália política, por parte de Salazar, que o exonerou de todos os cargos públicos.
Nos anos que se seguiram, continuou os seus estudos de investigação, tendo deixado uma extensa obra de publicações científicas. Até ao final da sua vida não abandonou o exercício da Medicina, realizando mesmo consultas sem a cobrança de honorários.
Após uma semana de intensa actividade clínica, a 20 de Julho de 1974, uma repetição de enfarte do miocárdio pôs termo à sua vida exemplar. Dos 79 anos vividos, 50 foram dedicados à Medicina, durante os quais se notabilizou pela vertente humanista que abraçou até ao fim dos seus dias.
Os seus valores e notável personalidade permanecem na nossa sociedade através da homenagem prestada pela atribuição do seu nome ao Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca, tornando-se o patrono do Hospital Amadora Sintra.
Maria Velho, Rafaela Pereira, Raquel Pereira, Ricardo Moço