Lima Leitão, António José de (1787-1856)

António José de Lima Leitão nasceu em Lagos (Algarve), a 17 de Novembro de 1787. Em 1808 foi nomeado cirurgião ajudante do regimento de Infantaria de Faro, partindo pouco depois para França, integrado na Legião Portuguesa organizada por Junot. Aperfeiçoou-se como médico na Escola de Medicina de Paris, até que em 1812 é nomeado Chefe Cirurgião no Alto Comando Imperial de Napoleão.

 

Terminadas as Guerras Napoleónicas, volta a Portugal, ano de 1814, onde é mal recebido: o serviço prestado às ordens das tropas de Napoleónicas é visto como uma traição à pátria; o que, alegadamente, terá motivado a sua partida para o Brasil. Em 1816, é nomeado por D. João VI, físico-mor da capitania de Moçambique, saindo do Brasil, onde regressará, em fins de 1818. Em meados do ano seguinte, parte para Goa como Intendente Geral da Agricultura e também como físico-mor.

 

Após triunfo da Revolução Liberal, assume um papel de relevo na implantação do novo regime do qual é grande apoiante, no Estado da Índia, sendo um dos motores do processo revolucionário que conduz ao afastamento do poder e subsequente prisão, do vice-rei Diogo de Sousa. Este é substituído pela Junta Provisional do Governo do Estado da Índia, do qual, inicialmente, Lima Leitão faz parte. No entanto, este acaba por ser afastado da Junta e, posteriormente, preso, por se manifestar contra esta. Mais tarde, a Junta provisional é substituída por uma outra da qual Lima Leitão faz parte e na qual se assume como um dos líderes mais activos. Em 1823 regressa a Lisboa, como deputado eleito às cortes, pelo Estado Português da Índia.

 

Dois anos depois, em 1825, é nomeado lente de clínica médica, na EscolaRégia de Cirurgia Médico-Cirúrgica de Lisboa, então estabelecida no Hospital de S. José.

 

Pioneiro da medicina homeopática em Portugal; foi também um dos fundadores da Sociedade das Ciências Médicas, seu presidente, desde 1838 até 1842 e presidente da sua Comissão de Saúde Pública entre 1844 e 1846. Ganhou fama pela qualidade dos conhecimentos clínicos que transmitia aos seus alunos e pela introdução da prática das autópsias como método de avaliação dos actos clínicos e de aprendizagem médica.

 

A sua actividade literária processou-se durante aproximadamente 21 anos. Colaborou em várias publicações periódicas, onde demonstra uma actividade política por vezes intensa e polémica. Os anos de 1813 e 1854 balizam o período mais forte da sua actividade como escritor, a desenvolver-se em vários domínios: medicina (casos clínicos, novas terapêuticas e manuais de ensino), literatura (como tradutor e poeta), política e até um trabalho na área da manutenção das vinhas.

 

Figura controversa é envolvido como se viu em várias polémicas, ganhando alguns inimigos ao longo do seu percurso político, acaba por cair em desgraça em termos profissionais no ano de 1853, quando tenta implementar na Escola Médico-Cirúrgico de Lisboa o ensino da homeopatia, sem sucesso.

 

Cavaleiro da Ordem de Cristo, foi também membro de várias academias científicas e literárias de Portugal, Brasil, França e Espanha.

 

Morre a 8 de Novembro de 1856 na Rua dos Correeiros (mais vulgarmente conhecida, na altura, como a Travessa da Palha), em Lisboa.

 

Patrícia Pereira, Rui Santos, Tiago Santos

publicado por medicosportugueses às 13:15 |