Alfredo da Costa, Manuel Vicente (1859-1910)

Manuel Vicente Alfredo da Costa foi um ilustre professor e cirurgião português. Nasceu a 2 de Fevereiro de 1859, em Margão (Estado Português da Índia), mas foi em Portugal que completou a sua carreira académica. O reconhecimento que obteve resultou, especialmente, dos seus estudos e iniciativas no domínio da obstetrícia. Faleceu a 2 de Abril de 1910, sem ter concretizado o seu grande sonho – a construção de uma Maternidade.

 

Alfredo da Costa licenciou-se, em 1884 na Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa. Nesse mesmo ano apresentou a sua tese inaugural e três anos mais tarde, a sua tese de doutoramento, “Sobre a natureza da febre puerperal”.

Em 1885 foi nomeado cirurgião de banco no Hospital de São José, onde foi também director da enfermaria de Santa Maria Ana e onde instalou provisoriamente uma maternidade, iniciando uma orientação para esta área da medicina, a qual lhe veio a conferir o maior reconhecimento público.

 

 

Entre 1887 e 1897, desempenhou várias funções na Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa como a de demonstrador de cirurgia, de lente substituto e de regente de Anatomia Patológica e de Obstetrícia.

 

 

Foi Presidente da Sociedade Médica Portuguesa, entre 1905 e 1907, organização onde foi também Vice-presidente e membro benemérito.

Desde sempre procurou ser um interveniente activo na sociedade científica da sua época, dando conferências e fazendo apresentações, entre as quais se destaca, pela sua actualidade e importância do conteúdo, “A protecção às mulheres grávidas pobres”. Foi um dos fundadores da Revista de Medicina e Cirurgia e sócio da Academia das Ciências de Lisboa. Como cultor do jornalismo médico colaborou também no Jornal da Sociedade das Ciências Médicas.

 

É-lhe atribuída a primeira colecistectomia e a operação de Estlander em Portugal, bem como a introdução do método de Volkman na cura do hidrocelo. Distinguiu-se pela notável colaboração médico-social que deu à Rainha D. Amélia na luta contra a tuberculose, tendo presidido à Comissão Técnica de Assistência Nacional aos Tuberculosos.

 

Consciente dos problemas da sociedade em relação à saúde da grávida, projectou a criação de uma unidade hospitalar, que fosse responsável pelos partos e pela saúde preventiva das futuras mães, que lhes ensinasse os cuidados a ter com o bebé e que prestasse ainda assistência aos quadros mais graves dos recém-nascidos. Para além disso, desenhou algumas medidas de prevenção para a patologia das puérperas, ganhando um lugar de destaque perante a medicina social da época.

 

A sua morte precoce, com apenas 51 anos, impediu-o de concluir o seu grande sonho – o de dotar Lisboa com uma maternidade exemplar e moderna. Essa maternidade viria, de facto, a ser inaugurada 22 anos após a sua morte, sendo-lhe atribuído o nome de Maternidade Dr. Alfredo da Costa. Um facto revelador da importância da criação desta maternidade é de que, quase um século depois, ainda estamos longe da multiplicação adequada de instituições deste género, para cobrir as necessidades do país.

 

Cláudia Sousa, Inês Marques, Mariana Agostinho, Sara Martins (imagem de www.scmed.pt)

publicado por medicosportugueses às 20:00 |