Marques, José António (1822-1884)
Filho de António Emídio Marques e de Catarina d’Assunção Marques, nasceu a 29 de Janeiro de 1822, em Lisboa e morreu a 8 de Novembro de 1884. Concluiu, aos 20 anos, o curso de Medicina na Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa e, no mesmo ano, 1842, por decreto de Agosto deste ano, foi nomeado cirurgião-ajudante e colocado no Batalhão de Caçadores nº 30. Foi Cirurgião Mor no Regimento de Infantaria nº7 e em 1851 foi graduado em Cirurgião de Brigada do Exército, passando a desempenhar as funções de Sub Chefe da Repartição de Saúde do Estado Maior General. Como colaborador do Jornal dos Facultativos Militares, José António Marques ajuda a mudar a direcção do jornal, dotando-o de um carácter mais científico. Sob o subtítulo Jornal dos Facultativos Militares, Escoliaste Médico, torna-se o primeiro jornal da especialidade do País. Em 1854 publica o seu primeiro livro: Elementos de higiene militar, ou colecção de assuntos e preceitos de higiene, que interessam ou são indispensáveis a todos os que se dedicam à profissão militar. Representa Portugal, em 1857, no Congresso de Oftalmologia em Bruxelas, onde apresenta a sua primeira memória: Aperçu historique de l’ophtalmie militaire portugaise que foi laureada conferindo-lhe um diploma de Doutor em Medicina, Cirurgia e Partos, pela Universidade de Bruxelas.
Em 1862 publica a sua segunda memória: Encore l’ophtalmie militaire en Portugal, et du traitement qu’on y emploie contre les granulations palpébrales, suite au mémoire presenté au congrés d’ophtamologie de Bruxelles en 1857 ao mesmo tempo que representa Portugal na Sociedade Universal de Oftalmologia em Paris. No ano de 1864 representa Portugal na Conferência Internacional em Genebra onde propõe a extensão da convenção a todos os feridos independentemente da sua classificação e também aos militares doentes, mesmo não feridos. Graças aos seus esforços, Portugal assina a 1ª Convenção de Genebra, tornando-se num dos países fundadores da Cruz Vermelha. No seguimento desta conferência, em 1865, reuniu pela primeira vez a «Comissão Portuguesa de Socorros a Feridos e Doentes Militares em tempo de guerra», organização predecessora da Cruz Vermelha. Cinco anos depois, é destituído do cargo da direcção do Serviço de Saúde Militar. Perante esta situação, abandona o serviço, passando ao inactivo por doença, reformando-se em 1870. Para além dos serviços prestados à sua pátria, instituiu a Casa de Saúde Lisbonense, foi Presidente e membro honorário da Sociedade das Ciências Médicas de Lisboa e fundador e director da primeira policlínica de Lisboa.
Ao longo da sua vida recebeu inúmeras condecorações, das quais se destacam: Comendador da Ordem de S. Bento de Avis, Grau de Cavaleiro da Ordem de Cristo, Medalha de Prata de valor Militar, Medalha da Cruz Vermelha Francesa. Morreu a 8 de Novembro de 1884 em Lisboa, quase em esquecimento, apesar do seu contributo em especial à classe da cirurgia militar a que pertencia e à medicina, mas também à Cruz Vermelha portuguesada qual foi seu grande impulsionador.
Cláudia Santos, Inês Azevedo, Joana Carreno, Tiago Coelho
Ilustração Inês Azevedo