Bettencourt, Aníbal (1868-1930)

Aníbal de Bettencourt nasceu a 21 de Junho de 1868 em Angra do Heroísmo e morreu a 9 de Janeiro de 1930 em Lisboa. Casou com Dídia Clotilde Corte Real Martins (1873-1903), de quem teve Maria Clotilde Corte Real Moniz de Bettencourt (1897-1943) e Nicolau José Martins de Bettencourt (1900-1965). Médico formado pela Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa em 1892, ingressou nesse ano (29 de Dezembro) como médico auxiliar de laboratório no Instituto Bacteriológico de Lisboa onde seguiu os passos de Câmara Pestana. Destacando-se pelo modo exímio como dominava a técnica laboratorial.

 

 

Dos primeiros anos da colaboração entre Bettencourt e Câmara Pestana resultaram os trabalhos sobre a bacteriologia das águas de Lisboa e sobre a epidemia de Lisboa de 1894 e publicou em 1898 um estudo sobre a hemoglubinúria dos bovídeos. Antes de morrer Câmara Pestana recomendou à Rainha D. Amélia o seu colega Aníbal de Bettencourt como a pessoa a nomear para o cargo de director. E assim, a 30 de Novembro de 1899, quinze dias após a morte de Câmara Pestana, Bettencourt foi nomeado Director do Real Instituto Bacteriológico de Lisboa.

 

 

Meses após a morte de Câmara Pestana foi concluído o novo edifício do instituto, no Campo dos Mártires da Pátria, onde Bettencourt organizou a profilaxia anti-rábica, o tratamento da difteria, o fabrico de soros, as análises clínicas e o ensino prático da bacteriologia. Em 1901 foi o chefe da missão médica que se deslocou a Angola com o intuito de estudar a doença do sono, naquele que foi o primeiro trabalho de conjunto, em Portugal, acerca desta grave endemia africana. Em 1902, o Real Instituto Bacteriológico mudou a designação para Câmara Pestana, sendo considerado como o grande centro de estudos da medicina experimental da sua época, muito pelo contributo de Bettencourt, que graças à sua dedicação, simpatia por parte dos pares e do público e serviços prestados à saúde e higiene conseguiu fazer com que o instituto gozasse de prestígio e recursos essenciais para os trabalhos laboratoriais. Iniciou, conjuntamente com os seus colaboradores no instituto, a publicação dos Arquivos do Real Instituto Bacteriológico Câmara Pestana em 1906, revista redigida em francês, com ampla distribuição e que contribuiu grandemente para o instituto ao fomentar a comunicação com entidades estrangeira. Trabalhadores de várias áreas afluíam ao instituto, atraídos quer pelas condições materiais, quer pelo apoio prestado por Bettencourt a quem trabalhava com ele.

 

Devido à reforma do ensino do princípio do século XX, em 1910 a cadeira de Bacteriologia e Parasitologia passou a ser parte do currículo dos estudos médicos, e Bettencourt passou a cumular o cargo de lente catedrático da cadeira. Ao longo da sua vida publicou inúmeros estudos e trabalhos experimentais apesar do tempo investido nas diversas instituições a que pertenceu. Foi membro honorário da Société de Pathologie Exotique, de Paris; presidente da Sociedade Portuguesa de Biologia e da Sociedade de Ciências Naturais assim como um dos fundadores e primeiro presidente da Sociedade Portuguesa de Fotografia, arte que cultivava.

 

Gonçalo Lavareda, Marcel Guerreiro, Raul Colaço, Rita Martins (imagem de www.bparah.azores.gov.pt

publicado por medicosportugueses às 19:00 |